segunda-feira, 27 de abril de 2009

Imagina



Menina, o mundo ficou bom e nós estamos, finalmente, com todas aquelas sete vidas que merecemos. Que nos prometeram. Imagina que todas as luzes se acenderam e o espetáculo de viver é sempre suave e eterno. E que ninguém tem mais medo de amar e todos agora sabem que são verdadeiros os gestos, os olhares e até os beijos.

Imagina que fomos feitos assim. Para amar. E que há porque chorar. Há, porque as lágrimas respondem aos que são capazes. Aos que têm coragem. E chora-se pela beleza, pela saudade que é torta e há de ser morta. Chora-se pelas encostas da Serra que nos curvamos.

Todas as lágrimas diante a noite, todas as águas restantes do dia.

E, diante de nós, e adiante, e avante, e por todas essas coisas pra frente, fica Ela rindo. E nós não resistimos aos encantos da que nos consome e é, ao mesmo tempo, velha consumida, sorrindo larga e satisfeita para o amor que nos convida.

Imagina que já somos outros, ou ainda os mesmos... E que fomos convidados pela loucura, que nos faz bem; e ao amanhecermos incompletos, feitos de dia, adormecemos no colo, nos ombros, nos cantos da alegria de nos perder, e de nunca ter nos metido á besta de achar que somos feitos de um só tempo. Um só caminho. Uma só verdade.

Beijos, alegrias e poesias,

Djalma Gonçalves.



Imagem: foto minha e do meu querido amigo poeta em momento de boemia num certo buteco, nas encostas da Serra que nos curvamos...