sábado, 3 de outubro de 2009

A resposta da estante


Como se procurasse um oráculo,
passei o olho na fileira de livros.
Uns meio acabados,
outros cheirando a livraria.
Parei no Leminski
para nao complicar,
para ser curta e grossa,
mas acabei dividida em

"Tres Metades"

Meio dia
um dia e meio
meio dia, meia noite
Metade desse poema
sai na fotografia,
metade, metade foi-se.

Mas eis que a terça metade
aquela que é menos dose
de matemática verdade
do que soco, tiro, ou coice,
vai e vem como coisa
de ou, de nem, ou de quase.

Como se a gente tivesse
metades que não combinam,
três partes, destempestades,
três vezes ou vezes três,
como se quase, existindo,
só nos faltasse o talvez.

Paulo Leminski


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