"Quem poderá fazer
Aquele amor morrer
Se o amor é como um grão!
Morrenasce, trigo
Vivemorre, pão"
Gil
De tão leve e singelo, tudo vira grão.
É um gesto. Um pousar de mãos em qualquer parte do corpo que esteja perto. Ou os pés para garantir a presença que o sono as vezes leva para longe. É um olhar. Um para cada tipo de reconhecimento. O de saber ter agradado. O de saber ter chateado. O de saber gostar daquela música. O de não saber o que há. O de saber-se aprendiz do outro e de si mesmo. É um menu que surpreende cada vez menos. Cada dia menos necessário, para gostos cada vez mais conhecidos. É um carrinho de compras que muda de aparência. Sendo também integral, acumulando rosé's. É um pronome inventado. Para uso pessoal. Para não ser igual. Para ser único em vez de dois. Para ser singular. É uma paciência a mais. Para transformar a ausência de respostas em cumplicidade no silêncio. É não ter medo do silêncio. Então devagarinho e calmo, um sopro suave espalha e mistura tudo, semeando grão a grão. Talvez faça nascer, crescer, ou até mesmo desabrochar um grande amor.
Talvez...
imagem: autor desconhecido